domingo, 14 de julho de 2013

Crítica - Batman - Edição 0

Henrique Jacob

O mês das edições 0 da DC Comics foi criado para explicar as principais dúvidas que os leitores tinham acerca do universo após o reboot dos Novos 52. Os autores optaram por mostrar o passado dos heróis, mostrando seus primeiros combates, treinamentos, ou seja, a origem de cada um. A decisão foi acertada, pois muitas dúvidas ainda pairam sobre o histórico de alguns personagens.
Um exemplo é o Batman que praticamente não teve nenhuma alteração em sua cronologia após o reboot e deixou várias dúvidas. A primeira coisa que os leitores vão notar é que a edição 0 da série Batman mostra a época em que Bruce Wayne ainda está tentando fazer justiça e punir os criminosos.
O roteiro de Scott Snyder é simples, pois mostra o protagonista ainda cometendo erros e tentando se infiltrar dentro da gangue do Capuz Vermelho (apesar do nome, esse grupo não tem nenhuma relação com o Jayson Todd, ex-robin e atualmente conhecido como Capuz Vermelho). A narrativa do autor continua incrível, mas o final em aberto e as várias pontas soltas deixam o leitor um pouco decepcionado.  Isso provavelmente será explicado e melhor explorado na saga Ano Zero (Zero Year), que iniciou recentemente nos Estados Unidos. 
Os desenhos incríveis de Greg Capullo também encantam e melhoram a narrativa de Snyder. O interessante é que o colorista FCO Plascencia explorou tons mais claros nessa edição de origem ao contrário do que foi feito nas anteriores em que predominou cores sombrias. Isso foi uma ótima sacada, já que nesse ponto da trama Bruce ainda não se tornou o Batman e ainda é apenas um homem tentando fazer justiça numa cidade dominada pelo crime.
Já na edição 0 da Detective Comics, o autor Gregg Hurwitz mostra um dos treinamentos de Bruce Wayne com o monge Shihan Matsuda no Himalaia. As aulas variam entre fazer a meditação Tummo no meio do gelo, treino com espadas e até inspirar uma fumaça na prática Tonglen que lembra a cena de treino na Liga das Sombras que aparece no filme Batman Begins. A história funciona muito bem e foca no desenvolvimento das técnicas e conceitos que o personagem utiliza em sua jornada, como eliminar sentimentos que possam se tornar fraquezas para evitar ser enganado pelas pessoas. Esse tema é bem interessante e ao mesmo tempo pessimista, mas deixa claro que para conseguir fazer o bem, Bruce terá que abrir mão de alguns emoções e se tornar um verdadeiro guerreiro. Espero que as próximas edições mantenham essa qualidade no roteiro já que a série perdeu um pouco do ritmo após o primeiro arco de história, que foi excelente. As ilustrações de Tony S. Daniel são ótimas com uma riqueza de detalhes nos personagens e cenários. A quantidade de quadros grandes e uma diagramação um pouco mais ousada contribuíram bastante para um bom resultado.
Em The Dark Knight 0, o autor Gregg Hurwitz explorou a infância do protagonista e como o assassinato de seus pais o marcaram profundamente até se tornar um adulto. O melhor do roteiro é que ele soube expressar a gama de sentimentos de Bruce e até faz uma pequena referência a corte das Corujas (os inimigos da primeira saga do herói nos Novos 52). As ilustrações são razoáveis com cenas muito bem feitas, mas a qualidade alterna muito e fica com um traço mais simples em algumas páginas. A série evoluiu muito bem desde sua primeira edição e melhorou seu conteúdo, principalmente no último arco de histórias envolvendo o vilão Espantalho, que apareceu em uma versão mais sombria e insana do que a apresentada nos cinemas.
A editora Panini também acertou ao publicar, mesmo atrasado, todas as histórias secundárias da Detective Comics. Entre as edições 8 a 11, o conteúdo envolve uma disputa entre o Duas Caras, um promotor de Gotham e alguns criminosos que tentam de tudo para eliminar Harvy Dent. A trama é simples, mas intensa e pontuada por momentos mais violentos e diálogos tensos. O roteirista Tony S. Daniel acertou ao mostrar mais da personalidade do vilão Duas Caras e por explorar mais do submundo da cidade do Cavaleiro das Trevas. Os desenhos de Szymon Kudranski não chamam muito a atenção, pelo excesso de efeitos de sombra e tons escuros utilizados que até atrapalham o leitor na hora de identificar cada personagem.
A última história secundária publicada é a da edição 11 da Detective Comics, que basicamente é uma introdução para o retorno do Coringa. No enredo, acompanhamos a personagem Nancy que é designada para ficar supervisionando a área de objetos apreendidos pela polícia. Entre os objetos está a pele do rosto do Coringa arrancada na primeira edição da Detective Comics. A trama é bem simples e não tem nada de especial, só serve mesmo para animar o leitor para o retorno insano do principal vilão do universo do Batman, que irá aparecer novamente e estremecer a bat-família na saga Morte da Família (Death of Family) que inicia na edição 13.
O bacana é que a Panini incluiu um pôster com a imagem da capa para comemorar a publicação das mensais número 0. Essa edição traz ótimas histórias, mas ainda não explica algumas dúvidas dos fãs do universo DC sobre a cronologia do herói. Agora temos que esperar para conferir e descobrir mais da origem pós-reboot somente na saga Ano Zero, mas enquanto isso podemos nos divertir vendo o Homem-Morcego e seus aliados enfrentando o Coringa na próxima edição. 

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