O mês das edições 0 da DC Comics foi criado para explicar
as principais dúvidas que os leitores tinham acerca do universo após o reboot
dos Novos 52. Os autores optaram por mostrar o passado dos heróis, mostrando
seus primeiros combates, treinamentos, ou seja, a origem de cada um. A decisão
foi acertada, pois muitas dúvidas ainda pairam sobre o histórico de alguns
personagens.
Um exemplo é o Batman que praticamente não teve nenhuma
alteração em sua cronologia após o reboot e deixou várias dúvidas. A primeira
coisa que os leitores vão notar é que a edição 0 da série Batman mostra a época
em que Bruce Wayne ainda está tentando fazer justiça e punir os criminosos.
O roteiro de Scott Snyder é simples, pois mostra o
protagonista ainda cometendo erros e tentando se infiltrar dentro da gangue do
Capuz Vermelho (apesar do nome, esse grupo não tem nenhuma relação com o Jayson
Todd, ex-robin e atualmente conhecido como Capuz Vermelho). A narrativa do
autor continua incrível, mas o final em aberto e as várias pontas soltas deixam
o leitor um pouco decepcionado. Isso provavelmente
será explicado e melhor explorado na saga Ano Zero (Zero Year), que iniciou
recentemente nos Estados Unidos.
Os desenhos incríveis de Greg Capullo também encantam e
melhoram a narrativa de Snyder. O interessante é que o colorista FCO Plascencia
explorou tons mais claros nessa edição de origem ao contrário do que foi feito
nas anteriores em que predominou cores sombrias. Isso foi uma ótima sacada, já
que nesse ponto da trama Bruce ainda não se tornou o Batman e ainda é apenas um
homem tentando fazer justiça numa cidade dominada pelo crime.
Já na edição 0 da Detective Comics, o autor Gregg Hurwitz
mostra um dos treinamentos de Bruce Wayne com o monge Shihan Matsuda no
Himalaia. As aulas variam entre fazer a meditação Tummo no meio do gelo, treino
com espadas e até inspirar uma fumaça na prática Tonglen que lembra a cena de
treino na Liga das Sombras que aparece no filme Batman Begins. A história
funciona muito bem e foca no desenvolvimento das técnicas e conceitos que o personagem
utiliza em sua jornada, como eliminar sentimentos que possam se tornar fraquezas
para evitar ser enganado pelas pessoas. Esse tema é bem interessante e ao mesmo
tempo pessimista, mas deixa claro que para conseguir fazer o bem, Bruce terá
que abrir mão de alguns emoções e se tornar um verdadeiro guerreiro. Espero que
as próximas edições mantenham essa qualidade no roteiro já que a série perdeu
um pouco do ritmo após o primeiro arco de história, que foi excelente. As
ilustrações de Tony S. Daniel são ótimas com uma riqueza de detalhes nos
personagens e cenários. A quantidade de quadros grandes e uma diagramação um
pouco mais ousada contribuíram bastante para um bom resultado.
Em The Dark Knight 0, o autor Gregg Hurwitz explorou a
infância do protagonista e como o assassinato de seus pais o marcaram
profundamente até se tornar um adulto. O melhor do roteiro é que ele soube
expressar a gama de sentimentos de Bruce e até faz uma pequena referência a
corte das Corujas (os inimigos da primeira saga do herói nos Novos 52). As
ilustrações são razoáveis com cenas muito bem feitas, mas a qualidade alterna
muito e fica com um traço mais simples em algumas páginas. A série evoluiu
muito bem desde sua primeira edição e melhorou seu conteúdo, principalmente no
último arco de histórias envolvendo o vilão Espantalho, que apareceu em uma
versão mais sombria e insana do que a apresentada nos cinemas.
A editora Panini também acertou ao publicar, mesmo atrasado,
todas as histórias secundárias da Detective Comics. Entre as edições 8 a 11, o
conteúdo envolve uma disputa entre o Duas Caras, um promotor de Gotham e alguns
criminosos que tentam de tudo para eliminar Harvy Dent. A trama é simples, mas
intensa e pontuada por momentos mais violentos e diálogos tensos. O roteirista Tony
S. Daniel acertou ao mostrar mais da personalidade do vilão Duas Caras e por
explorar mais do submundo da cidade do Cavaleiro das Trevas. Os desenhos de
Szymon Kudranski não chamam muito a atenção, pelo excesso de efeitos de sombra
e tons escuros utilizados que até atrapalham o leitor na hora de identificar
cada personagem.
A última história secundária publicada é a da edição 11
da Detective Comics, que basicamente é uma introdução para o retorno do Coringa.
No enredo, acompanhamos a personagem Nancy que é designada para ficar
supervisionando a área de objetos apreendidos pela polícia. Entre os objetos
está a pele do rosto do Coringa arrancada na primeira edição da Detective
Comics. A trama é bem simples e não tem nada de especial, só serve mesmo para
animar o leitor para o retorno insano do principal vilão do universo do Batman,
que irá aparecer novamente e estremecer a bat-família na saga Morte da Família
(Death of Family) que inicia na edição 13.
O bacana é que a Panini incluiu um pôster com a imagem da
capa para comemorar a publicação das mensais número 0. Essa edição traz ótimas
histórias, mas ainda não explica algumas dúvidas dos fãs do universo DC sobre a
cronologia do herói. Agora temos que esperar para conferir e descobrir mais da
origem pós-reboot somente na saga Ano Zero, mas enquanto isso podemos nos
divertir vendo o Homem-Morcego e seus aliados enfrentando o Coringa na próxima edição.
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