Quando anunciaram que seria feito um reboot de Homem-Aranha
nos cinemas, muitos fãs torceram o nariz, acreditando que o melhor fosse dar
continuidade ao trabalho de Sam Raimi na direção e de Tobey Maguire como Peter
Parker/Homem-Aranha na trilogia original. Porém, diferenças criativas e
financeiras entre a Sony Pictures e Raimi decretaram o fim da primeira versão
aracnídea no cinema.
O resultado da nova adaptação para a telona pode
ser conferido em O Espetacular
Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man). Para a direção foi
escolhido Marc Webb (500 Dias com Ela) e para interpretar o herói temos agora Andrew
Garfield (A Rede Social).
No filme, Peter Parker é um jovem nerd renegado na escola que foi
abandonado misteriosamente pelos pais quando criança. Ele passa a morar com os
tios Ben (Martin Sheen) e May Parker (Sally Field). Certo dia, por acaso, Peter
encontra uma pasta com documentos de seu pai, isso o leva até o laboratório do
Dr. Curt Connors (Rhys Ifans), cientista que trabalhou com seu pai e sabe algo
sobre o passado do jovem. Na realidade, a ida ao laboratório para investigar o
desaparecimento dos pais (que é esquecida no meio do caminho como desculpa para
um próximo filme) foi a maneira encontrada pelos roteiristas para recontar a
origem do herói. Sendo assim, já sabemos que Peter Parker foi picado por uma
aranha, mas isso é mostrado novamente.
Passado o começo do filme, a trama se torna mais interessante. Webb não
tem pressa em estabelecer o Homem-Aranha nas telas e explora bem o potencial de
Andrew Garfield como Peter Parker. Então, o vemos na escola, iniciando o
romance com Gwen Stacy (Emma Stone), e aprendendo a usar os poderes, inclusive explorando
seu lado nerd, no qual constrói seu próprio lançador de teias. Com a conhecida
fatalidade que leva Parker a se tornar o Homem-Aranha, o longa ganha boas cenas
de ação e a direção é eficaz no uso da tecnologia 3D, onde temos sequências em
primeira pessoa. Porém, ao procurar solucionar dilemas do herói, o roteiro de
Alvin
Sargent, James Vanderbilt
e Steve
Kloves se perde em revelações apressadas demais para um primeiro filme, o que
decepciona do meio para o fim.
Uma pena que o roteiro não desenvolva bem a história, pois Andrew
Garfield nos entrega um Peter Parker mais seguro e fiel ao quadrinhos. Como
Homem-Aranha o ator também se destaca, sendo piadista e fazendo poses que
remetem às HQs. Emma Stone traz uma Gwen mais determinada, Martin Sheen e Sally
Field não decepcionam como os amáveis tios de Peter. O vilão Lagarto
interpretado por Rhys Ifans por captura de movimentos não é dos melhores, mas
consegue seu espaço e tem boas cenas de luta.
Enfim, o novo começo da franquia Homem-Aranha no cinema tem
seus pontos positivos e expande o que vimos nos outros filmes, mas se excede ao
tentar impor mais drama a uma história já dramática. Afinal, Peter Parker tem
grandes poderes e com eles grandes responsabilidades. E julgando pela cena
pós-créditos, vemos que esse excesso está longe de acabar.
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