sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Crítica - Vingadores vs. X-Men #0 e #1


Henrique Jacob
É costume das principais editoras criarem mega-sagas com combates eletrizantes para aumentar as vendas e atrair um novo público para os quadrinhos. Essa foi a intenção da casa das ideias ao apresentar o confronto entre os Vingadores e os X-men que é o ponto de partida para o relançamento de quase todas as séries na iniciativa intitulada Marvel Now, que iniciou no final do ano passado nos Estados Unidos. O crossover foi publicado originalmente em doze edições e se expandiu para os demais títulos da editora. Apesar disso, não é necessário ler todas as revistas envolvidas na saga para entender o conteúdo, mas os demais títulos servem para enriquecer a trama com maiores informações sobre alguns acontecimentos. Além disso, a saga original traz cinco volumes da série VS. e mais cinco mostrando as conseqüências. 
No Brasil, a Panini decidiu publicar a edição zero que conta com Avengers vs. X-Men 0, Avengers: X-Sanction 1-4 e Point One 1. Os quatro volumes de X-Sanction são praticamente um prelúdio da saga e mostra o mutante Cable vindo do futuro e atacando os Vingadores. O roteiro dessa edição é muito bom, pois explica com detalhes os motivos que o levaram a atacar os Vingadores. A narrativa foi bem construída e alterna entre o presente e o futuro. O tom sério do enredo criado por Jeph Loeb ficou muito bom para uma história de início de saga e cria uma boa expectativa para os próximos atos. Apesar de utilizar muitos personagens, o autor consegue manter as principais características de cada um. Os combates também são excelentes e o desenhista Ed NcGuinness soube explorar isso muito bem na trama.
Em Point One, vemos basicamente o Nova descobrindo a vinda da Fênix para a Terra. Ele foge dela e tenta avisar todo mundo sobre a vida da entidade. A trama é simples e sem muita novidade, só serve pra criar certa expectativa para o começo da saga. As ilustrações e as cores dessa edição são o ponto forte, principalmente nas cenas de vôo espacial do Nova que ficaram impressionantes.
Por último, temos a edição 0 que mostra a Feiticeira Escarlate impedindo um ataque do vilão Modoc. Essa parte do enrendo também demonstra como está a relação dela com os membros dos Vingadores. Essa parte da trama é bem simples e não acrescenta quase nada dentro da saga. Depois disso, o roteiro foca na Esperança Summers, mostrando os sentimentos e as dúvidas que a mutante está vivendo após descobrir sobre a vinda da Fênix. Essa parte é muito boa e mostra bem a relação entre ela e o Ciclope. Os desenhos de Frank Cho são o ponto alto da edição. O artista já conhecido por ilustrar belas mulheres nos quadrinhos, consegue desenhar as integrantes dos Vingadores e dos X-Men com ênfase nas curvas. As cenas de ação também ficaram excelentes nos traços de Cho.
A partir da edição 1 de Vingadores vs. X-Men, a Panini passou a publicar duas edições da série principal e uma da versus em cada revista. A iniciativa da editora Italiana foi bacana porque adianta o evento da casa das ideias e diminui um pouco o atraso das publicações em relação aos Estados Unidos. Na primeira edição, vemos o início dos confrontos entre o grupo de heróis mais poderosos da Terra e os mutantes. De um lado temos os Vingadores liderados pelo Capitão América. O grupo deseja capturar Esperança Summers para evitar que a Fênix assuma o corpo da jovem e cause destruição em nosso planeta. Do outro lado, temos os X-Men liderados por Ciclope, que acredita que a vinda da Fenix é uma oportunidade para que a raça mutante retorne ao seu patamar anterior a Dinastia M, pois no final desse evento, a Feiticeira Escarlate quase eliminou a raça mutante. Essa divergência de opiniões é o motivo central para o grande combate da saga.
A história no início é um pouco confusa porque não existem muitas explicações e justificativas plausíveis para esse confronto. O fato da Marvel também não apontar qual lado está certo para evitar desagradar os fãs também deixa essa dúvida. É difícil de acreditar que personagens como Capitão América e Scott Summers serão tão teimosos em suas decisões a ponto de criarem uma batalha só para mostrar que estão certos. Ambos os personagens são racionais, inteligentes e fortes, normalmente eles não agiriam dessa maneira. Principalmente o Ciclope, que sempre foi um ótimo contra ponto para o Wolverine nas histórias dos X-Men. Os leitores também irão perceber como a Marvel está alterando a personalidade do Scott desde o Cisma (evento em que ele e o Wolverine brigaram e resultou na separação dos X-Men). O mutante começa a ganhar mais atitude e uma personalidade mais forte e radical que pode ser vista em suas ações e ideais. Essa mudança ficou muito boa, mas só começa a ser realmente interessante e bem explorada no meio da saga Vingadores vs. X-Men e posteriormente em Marvel Now. Os desenhos de John Romita Jr. são abaixo do esperado se comparado com outras obras de destaque ilustradas por ele. Essa queda na qualidade do traço dele deixa o visual de alguns personagens e até os combates um pouco decepcionantes, principalmente no início do evento.
Já na série Avengers vs. X-Men VS. temos sempre dois combates entre um mutante e um vingador. O próprio texto de apresentação dessa revista deixa claro que a Versus tem como foco as lutas que aconteceram na publicação principal, explorando a batalha e deixando de lado a história. Essa explicação foi uma ótima iniciativa da Marvel, pois já esclarece o conteúdo para o público. As ilustrações da maioria das edições são excelentes com efeitos de movimento, golpes e poderes muito bem desenhados e com uma qualidade imperdível para quem gosta de uma boa luta entre heróis. Os diálogos são bem curtos e se resumem em ameaças ou provocações sarcásticas entre os adversários.
O legal são as informações colocadas nos quadros em alguns momentos da luta, o texto sempre traz uma curiosidade do universo Marvel com muito bom humor. Quem gosta dos heróis da editora vão adorar essas pequenas brincadeiras que acontecem durante a edição. A única ressalva dessa série fica por conta de algumas incoerências que são geradas, em que personagens aparecem ganhando de um jeito na série principal e na versus aparecem de uma forma totalmente diferente. Apesar de não se importar com o roteiro, essa série deveria ao menos tentar se encaixar ou respeitar o início e o desfecho de cada luta da trama principal de Vingadores vs. X-Men.
A Panini também acertou ao colocar o papel LWC em todas as edições. Esse tipo de folha deu mais vida as cores e ilustrações da série, principalmente nas aparições da Fênix e nas cenas do espaço. Vingadores vs. X-Men é uma boa saga, mas conta com alguns deslizes tanto no roteiro como na arte, mesmo assim vale a pena para quem gosta de ótimos combates e para quem deseja ver mutantes e heróis se enfrentando. A série também é um excelente ponto de partida para quem deseja acompanhar o universo Marvel.

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