segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Crítica – Tropa dos Lanternas Vermelhos

Cristiano Almeida

Publicada após os eventos da Guerra dos Lanternas Verdes, a HQ Tropa dos Lanternas Vermelhos (formato americano, 148 páginas, papel pisa brite, capa couchê, R$ 14,90) reúne as edições 1 a 7 da revista Red Lanterns americana. Neste volume é apresentada a nova formação da tropa liderada pelo poderoso alienígena Atrócitus.

A contracapa da HQ começa revelando os acontecimentos que levaram até o início da edição #1. O texto explica que os Caçadores Cósmicos criados pelos Guardiões se rebelaram e massacraram o planeta Ryut. Um dos poucos sobreviventes do massacre foi Atros, nativo que se rebatizou como Atrócitus e criou uma célula terrorista interespacial, As Cinco Inversões, com o objetivo de destruir os Guardiões. Quando o grupo falha em sua missão, acaba aprisionado no planeta Ysmault.

Atrócitus, então, consumido pela ira, descobre uma forma de canalizar sua fúria em uma bateria vermelha, utilizando-se de um sangrento ritual ancestral. Estava fundada a Tropa dos Lanternas Vermelhos, e a partir desses eventos acompanhamos as motivações de seu líder e dos seres que o acompanham.

O roteiro é de Peter Milligan, autor que procura explorar, principalmente, os conflitos internos pelos quais o líder da tropa passa. Assim, descobrimos que Atrócitus viu a família ser assassinada e, diante das injustiças do mundo, busca uma forma de acabar com elas, mesmo que para isso precise matar com requintes de crueldade.

Outro problema que o alienígena enfrenta é dentro do próprio grupo, quando, ao devolver racionalidade à recruta Bleez, por meio de um ritual, a integrante passa a questionar seu comando e incita os outros membros - que também passam pelo mesmo processo - a se rebelarem contra o líder. Aqui, Milligan entrega alguns trechos interessantes de flashback, nos quais conhecemos as motivações que levaram os recrutas a serem escolhidos pelo anel vermelho. Com isso, estão lá os passados de Bleez, Taramela, Skallox e Zílius.

Contudo, o roteirista acaba se prolongando demais nas indagações de Atrócitus e na própria iminência do conflito interno. Chega determinado ponto no qual sabemos quais são as motivações do líder, mas ele pouco faz para concretizá-las. A indicação do motim é clara, mas é levada quase até o fim da publicação, na qual é resolvida rapidamente para dar lugar a uma trama paralela, relacionada à aparição de outro lanterna vermelho, agora no planeta Terra.

Apesar dos pontos falhos no texto, o volume é acompanhado por uma excelente arte. O responsável é o brasileiro Ed Benes (Liga da Justiça, Aves de Rapina), que transmite para o papel toda a essência da Tropa dos Lanternas Vermelhos. Assim, não faltam sequências muito violentas, que resultam em cabeças decapitadas e corpos incinerados. Benes também convence na sensualidade da alienígena Bleez e na exploraração das emoções dos personagens, com destaque para os acessos de fúria de Atrócitus e as expressões de medo das vítimas que se deparam com a tropa.

Nesta HQ, um ponto diferente em relação aos desenhos das outras tropas é que a vermelha não utiliza construtos. Desse modo, eles combatem seus adversários com golpes físicos ou com uma espécie de plasma vermelho lançado de suas bocas. O resultado é visivelmente eficaz, mas os construtos trariam sequências ainda melhores à ação dos furiosos lanternas. Outra ressalva é a colorização de Brian Cunningham no primeiro capítulo (depois ele é substituído por Nathan Eyring), que é correta em alguns momentos, mas equivocada em outros que mostram os quadros de monólogo ou localização.

Tropa dos Lanternas Vermelhos termina com um resultado mediano, onde roteiro e arte poderiam ser melhores, caso alguns pontos fossem observados. O volume é indicado para o leitor que deseja conhecer mais sobre as ramificações da tropa criada pelos Guardiões. No entanto, como o arco não é conclusivo e as últimas páginas trazem dois grandes ganchos, será necessário também a leitura do volume seguinte para compreender a trama por completo.

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