Publicada após os eventos da Guerra dos Lanternas Verdes, a
HQ Tropa dos Lanternas Vermelhos (formato americano, 148 páginas, papel pisa
brite, capa couchê, R$ 14,90) reúne as edições 1 a 7 da revista Red Lanterns americana.
Neste volume é apresentada a nova formação da tropa liderada pelo poderoso alienígena
Atrócitus.
A contracapa da HQ começa revelando os acontecimentos que
levaram até o início da edição #1. O texto explica que os Caçadores Cósmicos
criados pelos Guardiões se rebelaram e massacraram o planeta Ryut. Um dos
poucos sobreviventes do massacre foi Atros, nativo que se rebatizou como Atrócitus e criou uma
célula terrorista interespacial, As Cinco Inversões, com o objetivo de destruir
os Guardiões. Quando o grupo falha em sua missão, acaba aprisionado no
planeta Ysmault.
Atrócitus, então, consumido pela ira, descobre uma forma de
canalizar sua fúria em uma bateria vermelha, utilizando-se de um sangrento
ritual ancestral. Estava fundada a Tropa dos Lanternas Vermelhos, e a partir
desses eventos acompanhamos as motivações de seu líder e dos seres que o
acompanham.
O roteiro é de Peter Milligan, autor que procura explorar,
principalmente, os conflitos internos pelos quais o líder da tropa passa. Assim,
descobrimos que Atrócitus viu a família ser assassinada e, diante das
injustiças do mundo, busca uma forma de acabar com elas, mesmo que para isso
precise matar com requintes de crueldade.
Outro problema que o alienígena enfrenta é dentro do próprio
grupo, quando, ao devolver racionalidade à recruta Bleez, por meio de um
ritual, a integrante passa a questionar seu comando e incita os outros membros
- que também passam pelo mesmo processo - a se rebelarem contra o líder. Aqui, Milligan
entrega alguns trechos interessantes de flashback, nos quais conhecemos as
motivações que levaram os recrutas a serem escolhidos pelo anel vermelho. Com isso, estão lá os passados
de Bleez, Taramela, Skallox e Zílius.
Contudo, o roteirista acaba se prolongando demais nas
indagações de Atrócitus e na própria iminência do conflito interno. Chega
determinado ponto no qual sabemos quais são as motivações do líder, mas ele
pouco faz para concretizá-las. A indicação do motim é clara, mas é levada quase
até o fim da publicação, na qual é resolvida rapidamente para dar lugar a uma
trama paralela, relacionada à aparição de outro lanterna vermelho, agora no planeta
Terra.
Apesar dos pontos falhos no texto, o volume é acompanhado
por uma excelente arte. O responsável é o brasileiro Ed Benes (Liga da Justiça,
Aves de Rapina), que transmite para o papel toda a essência da Tropa dos
Lanternas Vermelhos. Assim, não faltam sequências muito violentas, que resultam
em cabeças decapitadas e corpos incinerados. Benes também convence na
sensualidade da alienígena Bleez e na exploraração das emoções dos personagens,
com destaque para os acessos de fúria de Atrócitus e as expressões de medo das
vítimas que se deparam com a tropa.
Nesta HQ, um ponto diferente em relação aos desenhos das
outras tropas é que a vermelha não utiliza construtos. Desse modo, eles
combatem seus adversários com golpes físicos ou com uma espécie de plasma
vermelho lançado de suas bocas. O resultado é visivelmente eficaz, mas os
construtos trariam sequências ainda melhores à ação dos furiosos lanternas.
Outra ressalva é a colorização de Brian Cunningham no primeiro capítulo (depois
ele é substituído por Nathan Eyring), que é correta em alguns momentos, mas
equivocada em outros que mostram os quadros de monólogo ou localização.
Tropa dos Lanternas Vermelhos termina com um resultado
mediano, onde roteiro e arte poderiam ser melhores, caso alguns pontos fossem
observados. O volume é indicado para o leitor que deseja conhecer mais sobre as
ramificações da tropa criada pelos Guardiões. No entanto, como o arco não é conclusivo e as últimas páginas trazem dois grandes ganchos, será
necessário também a leitura do volume seguinte para compreender a trama por completo.
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