sábado, 22 de dezembro de 2012

Crítica – Max Payne 3


Henrique Jacob
Após alguns anos sem nenhum título novo, a franquia Max Payne retorna com gráficos em alta definição e sem a participação de Sam Lake, o criador da série. Desenvolvido pela Rockstar Vancouver, o game chama a atenção pela qualidade técnica e por uma história instigante, que desperta o interesse do jogador.
Na trama, Max deixa os Estados Unidos para se tornar um guarda costas do empresário paulista Rodrigo Branco. Logo no início, a gangue Comando Sombra tenta sequestrar Branco durante uma festa, mas o plano dos criminosos acaba sendo frustrado pelo protagonista. Alguns dias depois, a mesma organização criminosa ataca a família em uma casa noturna. Após uma intensa troca de tiros e uma perseguição, Max e seu amigo Raul Passos não conseguem impedir que os bandidos levem Fabiana, esposa de Rodrigo. Para tentar encontrar a personagem, Payne tenta diversos planos para conseguir salvá-la e ao mesmo tempo começa a descobrir os motivos dos criminosos.
O roteiro criado por Dan Houser (Red Dead Redemption e Grand Theft Auto) apresenta uma trama instigante com diversos mistérios e algumas reviravoltas impressionantes. Essas surpresas vão sendo reveladas aos poucos e influência bastante nas reações do protagonista. A narrativa é envolvente e consegue atrair o jogador pelo suspense e pela necessidade de descobrir o que vai acontecer em seguida no enredo, que alterna mostrando o presente e o passado, explicando os motivos que fizeram Max decidir sair dos Estados Unidos e vir para São Paulo. Apesar disso, existem alguns clichês e não é difícil descobrir quem é o responsável por tudo isso antes mesmo de chegar nas últimas fases do título.
Max ainda mantém uma personalidade bastante definida repleta de aflições, mágoas e tristeza devido às lembranças da morte trágica de sua família, que foi assassinada no primeiro jogo. Seu vício em bebidas alcoólicas e remédios para tentar minimizar essas lembranças também são uma constante na trama. O melhor do personagem são seus diálogos e os momentos em que ele está narrando sobre os acontecimentos com pessimismo. Além da ótima narrativa, o caráter e a personalidade de Max contribuem muito na imersão da história e no desenvolvimento do protagonista.  
A história é repleta de muita violência com muito sangue e algumas cenas fortes como de pessoas sendo carbonizadas. Dentro do contexto do enredo, esse exagero de violência é justificável principalmente por ser tratar de uma trama voltada para o público adulto. Isso também pode ser notado na quantidade de palavrões que são comuns nos jogos da Rockstar, mas que estão em excesso neste título, principalmente em relação aos criminosos que usam com frequência algum tipo de xingamento repetidas vezes em português. Isso poderia ter sido repensado e utilizado de uma forma menos abusiva durante a aventura.
A Rockstar realizou um ótimo trabalho no sistema de tiro em terceira pessoa, em que é possível escolher entre a mira automática, que facilita a tarefa, e a mira manual, que exige um pouco mais de agilidade do jogador. Uma das falhas da mecânica do título é a ausência de um sistema de cobertura mais sofisticado, porque Max tem dificuldades para ficar atrás de alguns objetos e não consegue rolar ou ir abaixado até outro ponto protegido, isso acaba causando alguns danos desnecessários durante a troca de tiros.
O Bullet Time também retorna com a mesma qualidade e eficiência dos títulos anteriores, permitindo que Max atire nos inimigos em câmera lenta. Uma ótima novidade foi o Last Man Standing, um recurso utilizado quando o protagonista está para morrer que permite ao jogador usar o famoso recurso da câmera lenta para eliminar o bandido que atirou nele. Se você conseguir matar o criminoso, um pouco de sua energia será recuperada, evitando assim a sua morte.
No quesito gráfico, Max Payne 3 é um dos melhores jogos lançados este ano com qualidade e um esmero técnico impressionante tanto nos consoles quanto na versão de PC. As expressões faciais e o visual do rosto dos personagens foram muito bem produzidos e não lembram em nada a simplicidade de alguns rostos encontrados na franquia Grand Theft Auto. O nível de detalhes dos cenários também impressiona, principalmente nos lugares como o porto, a favela e a empresa de Rodrigo Branco. As cenas não interativas e os momentos de ação ganharam um tom cinematográfico com muitas explosões e momentos excepcionais que garantem muita diversão e impressionam pelo realismo. Tudo isso é resultado da capacidade do motor gráfico RAGE, o mesmo utilizado em GTA IV e Red Dead Redemption.
A movimentação do protagonista e sua maneira de carregar as armas e atirar também ficou muito realista. Os inimigos também se movem sempre procurando encontrar uma forma de avançar e conseguir acertar você. Isso é reflexo do nível de dificuldade do jogo que mesmo no nível normal já é possível encontrar uma boa dose de desafio principalmente se você for um jogador mais casual ou que não tenha muita intimidade com games de tiro em terceira pessoa.
Apesar de não especificar lugares, a Rockstar conseguiu reproduzir algumas localidades paulistanas como o estádio de futebol do time fictício Galatians que é muito semelhante ao do Morumbi na vida real. Porém, a representação da cidade de São Paulo demonstra alguns estereótipos em relação ao nosso país como alguns lugares muito sujos e nada condizentes com a realidade.
A trilha sonora é competente e apresenta uma sonoridade que realça os momentos de tensão da trama e as cenas de depressão e angustia do protagonista. A dublagem foi bem produzida com uma ótima escolha do elenco de vozes e pela interpretação de James McCaffrey como Max Payne. Entretanto, alguns inimigos genéricos apresentam uma dublagem razoável e sem muito esmero técnico. As legendas em português também foram uma ótima iniciativa da Rockstar, permitindo que os jogadores que não conhecem muito do idioma entendam tudo da trama.
O modo online possui diversas modalidades com sistema de classificação, recompensas e a possibilidade de criar clãs que poderão ser exportados posteriormente para Grand Theft Auto V. Um dos modos mais interessantes do título é o Payne Killer em que dois jogadores controlam Max e Raul e os demais competidores terão como objetivo matar os personagens. Além de ser divertida, essa modalidade permite muita ação e tensão durante os tiroteios.
Lançado em maio desse ano para PC, Xbox 360 e Playstation 3, o título marca o retorno do famoso policial em uma ótima aventura. Apesar de algumas falhas, Max Payne 3 é um jogo obrigatório para qualquer gamer apaixonado por uma história envolvente com muita ação e um bom sistema de controle.

Um comentário:

  1. Texto excelente! Pena que só estou lendo hoje em pleno 2022. Parabéns ao autor. Só faltou comentar que as favelas sugeridas na história não existem em São Paulo, mas sim no Rio.

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