O filme 007– Operação Skyfall apresenta algumas novidades
na narrativa, mesclando elementos dos longas anteriores com o novo estilo
criado em Cassino Royale. A tentativa é interessante e se mostra eficiente em
alguns pontos, mas a história tinha maior potencial e exigia um melhor aprofundamento
em determinados assuntos.
A trama começa com James Bond (Daniel Graig) e a agente Eve
(Naomie Harris) perseguindo o criminoso que roubou um HD com a lista de todos
os agentes do MI6 que estão em missões secretas pelo mundo. Após Eve cometer um
erro e atirar no 007, o bandido escapa com os dados e entrega para o personagem
Silva (Javier Bardem). A partir disso, o criminoso principal da trama começa
uma série de ataques para ameaçar a agente M (Judi Dench) pelos acontecimentos
do passado.
O roteiro desenvolvido por Neal Purvis, Robert Wade e
John Logan tem uma premissa interessante e mistura ação, suspense, drama e um
pouco de humor. Essa mistura de gêneros foi uma boa forma de narrar os
acontecimentos e o diferenciou dos outros filmes da série, mas falha ao tentar
criar diversas cenas de tensão e por exagera no tom melancólico. O foco
principal da trama fica na relação entre M e Silva, com destaque para os
motivos que levaram a vingança do vilão. Apesar de ser bem contada, a história poderia
ter explorado os sentimentos e razões de ambos os personagens e principalmente ter
contado isso de forma mais abrangente e com mais detalhes, o que faltou para
justificar algumas ações do criminoso.
Sem dúvida, uma das melhores coisas do longa são as
revelações acerca do passado de Bond e sua família. Isso também acaba
envolvendo o Skyfall, que na verdade é uma propriedade do agente e todas essas
informações acabam sendo descobertas nesse local. O ruim é que pouca coisa foi contada
da origem do personagem, mas já é suficiente para agradar qualquer pessoa que acompanha
a série há anos. Quem já assistiu aos longas clássicos da franquia vai reconhecer facilmente o cenário da cena
final, que interliga as histórias dos outros filmes.
Uma das novidades é que o diretor Sam Mendes produziu
algumas cenas de ação que foge dos padrões da série, como a luta entre Bond e
um assassino em um andar de um prédio. A estética da filmagem desse combate
priorizou as luzes dos painéis que estavam ao redor, criando uma imagem muito
bonita que mostra somente a silhueta da sombra dos personagens lutando. Os
efeitos especiais em sua maioria estão muito bem feitos, com exceção da cena em
que o protagonista se agarra na beirada de um elevador, na qual a imagem
apresenta uma qualidade inferior, porque Bond e o fundo do cenário parecem
nitidamente estar em planos diferentes. Outra mudança é o retorno do foco nos
tiroteios e nas cenas impressionantes de ação. Já os combates corporais tiveram
menos espaço.
A atuação de Javier Bardem é boa e ele convence no papel
do vilão Silva, dando vida a um personagem arrogante e louco. No início, sua
participação é lenta e inferior em relação a alguns dos antagonistas da série,
mas após a fuga do criminoso de sua cela no MI6, sua presença adiciona uma dinâmica
maior para o enredo.
A trilha sonora consegue ressaltar diversas cenas e foi
bem produzida. A única ressalva fica por conta da necessidade de tentar
adicionar tensão em cenas em que não existe isso. Um exemplo é o som exagerado
para criar um certo suspense no momento em que Bond e o assistente da M estão
entrando no esconderijo do MI6. A abertura do filme foi bem produzida e a
canção Skyfall interpretada pela cantora Adele ficou ótima no contexto.
No geral, 007 –
Operação Skyfall apresenta algumas mudanças interessantes, mas faltou uma
história com maior qualidade e riqueza de detalhes. Apesar disso, o filme
consegue superar em alguns pontos o longa Quantum of Solace e agrada pela ação.
Assisti o filme e gostei da crítica, mas esperava mais desse novo 007.
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