domingo, 16 de setembro de 2012

Crítica – Liga da Justiça: Crise em Duas Terras

Henrique Jacob
 
Imagine que nosso mundo seja apenas uma das infinitas dimensões existentes no universo e em cada uma delas teríamos diferentes vidas conforme nossas escolhas. Essa é a premissa da história da animação Liga da Justiça: Crise em Duas Terras. Em uma dessas dimensões, Lex Luthor e o Coringa são integrantes da Liga da Justiça e tentam defender o mundo contra o Sindicato do Crime, uma organização composta pela versão maligna de diversos super-heróis.
Logo no início, a dupla decide invadir um prédio de segurança para roubar um dispositivo que o Sindicato vai utilizar para acionar a explosão de uma bomba. Durante o roubo, Bobo (como é chamado o Coringa nesse universo) se sacrifica para facilitar a fuga de Lex. Sendo o último sobrevivente da Liga, Luthor decide ir para a dimensão da liga com o objetivo de pedir a ajuda dos heróis.
Inspirada nas histórias sobre o multiverso criadas por Gardner Fox e baseado na graphic novel Justice League: Earth 2 de Grant Morrinson, a trama foi uma das últimas obras escritas por Dwayne McDuffie, criador de Super Choque. O roteiro é bem interessante e coloca o grupo formado por Super-Homem, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Batman e J'onn J'onzz (Ajax) em uma batalha com versões malignas deles próprios e de outros heróis. Inicialmente, foi planejado que o longa seria uma ligação entre os desenhos da Liga da Justiça e Liga da Justiça: Sem Limites. Entretanto, essa ideia foi descartada no processo de desenvolvimento, mas durante a história muitas referências apresentam essa ligação, como a necessidade do grupo aumentar o número de integrantes para proteger o mundo.
O enredo consegue ser coerente e ao mesmo tempo inova sem causar erros na cronologia dos personagens. Apesar do filme apresentar um conteúdo mais voltado para as crianças, evitando cenas com muita violência e sangue, a trama consegue prender o espectador com diálogos bem desenvolvidos, bom humor, cenas de ação e uma história complexa, repleta de conceitos e teorias bem formuladas para explicar a base do multiverso, expandindo o universo da DC Comics. Uma das limitações principais desse roteiro é não ter explicado a origem e nem pelo menos citado como cada um dos vilões se reuniram e como se tornaram assim.
Com um belo visual e semelhante às séries em desenho animado. Os traços estão muito bonitos, principalmente pela escolha de tons variados de cores para os cenários, personagens e efeitos visuais. Os diretores Lauren Montgomery e Sam Liu também conseguiram trabalhar bem as cenas de ação para valorizar os golpes e poderes dos personagens. A batalha final é sem duvida a mais interessante para quem deseja ver cada herói lutando contra sua versão maligna.
A dublagem original também foi muito bem produzida com ótimas escolhas para o elenco responsável pelas vozes de cada personagem. A trilha sonora é boa, mas não chega a impressionar e nem se torna marcante para o espectador.
Outro ponto positivo da animação é a aparição de outros heróis como Aquaman, Canário Negro e das versões malignas do Arqueiro Verde e Super Choque. Uma das mais interessantes versões dos personagens conhecidos do universo da editora é a de Slade Wilson (O Exterminador), que nessa outra dimensão é o presidente dos Estados Unidos. O personagem dele é bem desenvolvido, porque mescla uma vontade reprimida de fazer justiça e colocar o Sindicato do Crime na cadeia com o medo sempre aparente de enfrentar o grupo e sofrer as conseqüências, como a possibilidade de perder sua filha.
Um dos pontos negativos do filme foi a presença tímida do Lanterna Verde, que possui poucas falas e um destaque menor que todos os outros heróis. Liga da Justiça: Crise em Duas Terras é um bom filme para quem deseja conhecer mais detalhes desse multiverso e se você gosta dos padrões já apresentados no desenho animado.

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