quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Crítica - Lanterna Verde: Primeiro Voo

Cristiano Almeida

A DC Comics estabeleceu verdadeiras lendas com seus heróis dos quadrinhos. Superman, Batman, Mulher-Maravilha, entre outros, tornaram-se referências para várias gerações de leitores. A editora resolveu explorar outras mídias e encontrou no mercado de home video um grande público. Produziu filmes do Superman, Batman e não poderia deixar de investir em outro famoso herói, o Lanterna Verde. Sendo assim, em Lanterna Verde: Primeiro Voo (Green Lantern: First Fligth) o cavaleiro esmeralda é visto em seus primeiros momentos com a utilização do lendário anel.

As histórias do herói expandem a ambientação das tramas terrestres para um panorama cósmico. Assim, antes do surgimento de outras espécies no universo, seres chamados de Guardiões do Universo concentraram o poder do elemento verde em uma enorme bateria no planeta Oa. Tal artefato é responsável por fornecer energia aos anéis da Tropa dos Lanternas Verdes, uma espécie de patrulha espacial que mantém a ordem nas galáxias. A bateria, porém, continha uma falha: a cor amarela, que diminuía o poder dos anéis verdes. Os Guardiões, então, escondem o elemento amarelo para impedir que inimigos venham a usá-lo. Nesse contexto, um ambicioso vilão fará de tudo para encontrar o elemento e destruir toda a tropa.

O filme começa com o piloto de avião Hal Jordan utilizando o anel de Lanterna Verde, embora não saiba que há uma complexidade muito maior naquele artefato. Na Terra, ele recebe a visita de Sinestro, Kilowog, Tomar-Re e Boodikka, oficiais que foram em busca do corpo de Abin-Sur, o alienígena do qual Jordan herdou o anel. Após descobrirem que o corpo foi incinerado e Jordan ficou com o anel, o levam para Oa para ajudar na caça do vilão Kanjar Ro, o assassino do alienígena.

Como, segundo a equipe de produção, a origem de Hal Jordan já tinho sido contada no filme Justice League: The New Frontier, o roteiro de Alan Burnett estabelece no filme a missão inicial de Jordan e sua primeira batalha. A premissa, contudo, não é bem explorada no longa, pois o herói não demonstra grande personalidade, desistindo de usar o anel facilmente ao primeiro sinal de adversidade e ficando à sombra de outros lanternas durante missões paralelas. Somente do meio para o fim é que o veremos mais determinado em suas atribuições. Pela importância do personagem sua conduta teria que ser melhor estabelecida e ele deveria ser mais disposto desde o início, algo semelhante a animação em série do Lanterna Verde, na qual Hal Jordan é extremamente propenso aos confrontos e resolução dos problemas.

A direção de Lauren Montgomery tem altos e baixos, com bom suspense em alguns momentos, mas com um clímax exagerado e pouco aceitável, até para um Lanterna Verde. Nesse ponto, a cineasta entrega uma sequência que, embora seja bacana de se ver, soa megalomaníaca demais. Seria mais acertado um confronto baseado em utilização de construtos, onde herói e vilão mediriam qual força de vontade e imaginação sobrepujaria o oponente.

Visualmente, a animação segue o padrão de qualidade DC Comics com excelentes imagens e caracterização dos personagens. Como os traços são mais próximos dos humanos, Montgomery acertou na técnica e foi coerente em não utilizar a animação em computação gráfica, pois em muitas dessas versões gráficas a parte superior do corpo é bastante larga, enquanto as pernas são bem finas, o que se distancia da realidade. Contudo, a parte visual não está livre de imperfeições, principalmente quando acontecem excessos na representação de emoções.

A primeira missão do mais famoso Lanterna Verde de todos os tempos tinha tudo para ser memorável, mas o roteiro ignora a força do personagem, inserindo-o como coadjuvante para justificar uma trama mais complexa. Que os roteiristas e diretores se inspirem em dois princípios básicos de um Lanterna Verde, força de vontade e imaginação, e criem uma próxima animação mais digna do herói.
 

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