A DC Comics estabeleceu verdadeiras lendas com seus heróis dos quadrinhos. Superman, Batman, Mulher-Maravilha, entre outros, tornaram-se referências para várias gerações de leitores. A editora resolveu explorar outras mídias e encontrou no mercado de home video um grande público. Produziu filmes do Superman, Batman e não poderia deixar de investir em outro famoso herói, o Lanterna Verde. Sendo assim, em Lanterna Verde: Primeiro Voo (Green Lantern: First Fligth) o cavaleiro esmeralda é visto em seus primeiros momentos com a utilização do lendário anel.
As histórias do herói expandem a ambientação das tramas
terrestres para um panorama cósmico. Assim, antes do surgimento de outras
espécies no universo, seres chamados de Guardiões do Universo concentraram o
poder do elemento verde em uma enorme bateria no planeta Oa. Tal
artefato é responsável por fornecer energia aos anéis da Tropa dos Lanternas
Verdes, uma espécie de patrulha espacial que mantém a ordem nas galáxias. A
bateria, porém, continha uma falha: a cor amarela, que diminuía o poder dos
anéis verdes. Os Guardiões, então, escondem o elemento amarelo para impedir que
inimigos venham a usá-lo. Nesse contexto, um ambicioso vilão fará de tudo para
encontrar o elemento e destruir toda a tropa.
O filme começa com o piloto de avião Hal Jordan utilizando o anel de
Lanterna Verde, embora não saiba que há uma complexidade muito maior naquele
artefato. Na Terra, ele recebe a visita de Sinestro, Kilowog, Tomar-Re e
Boodikka, oficiais que foram em busca do corpo de Abin-Sur, o alienígena do
qual Jordan herdou o anel. Após descobrirem que o corpo foi incinerado e Jordan
ficou com o anel, o levam para Oa para ajudar na caça do vilão Kanjar Ro, o
assassino do alienígena.
Como, segundo a equipe de produção, a origem de Hal Jordan já tinho
sido contada no filme Justice League: The New Frontier, o roteiro de Alan
Burnett estabelece no filme a missão inicial de Jordan e sua primeira batalha. A premissa, contudo, não é bem explorada no longa, pois o herói não
demonstra grande personalidade, desistindo de usar o anel facilmente ao primeiro
sinal de adversidade e ficando à sombra de outros lanternas durante missões
paralelas. Somente do meio para o fim é que o veremos mais determinado em suas
atribuições. Pela importância do personagem sua conduta teria que ser melhor
estabelecida e ele deveria ser mais disposto desde o início, algo semelhante a
animação em série do Lanterna Verde, na qual Hal Jordan é extremamente propenso aos confrontos e resolução dos problemas.
A direção de Lauren Montgomery tem altos e baixos, com bom suspense em
alguns momentos, mas com um clímax exagerado e pouco aceitável, até para um
Lanterna Verde. Nesse ponto, a cineasta entrega uma sequência que, embora seja bacana de se ver, soa megalomaníaca demais. Seria mais
acertado um confronto baseado em utilização de construtos, onde herói e vilão
mediriam qual força de vontade e imaginação sobrepujaria o oponente.
Visualmente, a animação segue o padrão de qualidade DC Comics com
excelentes imagens e caracterização dos personagens. Como os traços são mais próximos
dos humanos, Montgomery acertou na técnica e foi coerente em não utilizar a
animação em computação gráfica, pois em muitas dessas versões gráficas a parte
superior do corpo é bastante larga, enquanto as pernas são bem finas, o que se
distancia da realidade. Contudo, a parte visual não está livre de imperfeições,
principalmente quando acontecem excessos na representação de emoções.
A primeira missão do mais famoso Lanterna Verde de todos os tempos tinha
tudo para ser memorável, mas o roteiro ignora a força do personagem,
inserindo-o como coadjuvante para justificar uma trama mais complexa. Que os roteiristas
e diretores se inspirem em dois princípios básicos de um Lanterna Verde, força
de vontade e imaginação, e criem uma próxima animação mais digna do herói.
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