domingo, 29 de julho de 2012

Crítica - Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Cristiano Almeida

Em 2005, Christopher Nolan trouxe uma nova visão do Homem-Morcego, iniciando uma trilogia em Batman Begins, onde recontava a origem do herói e mostrava o treinamento que levou o bilionário Bruce Wayne a se transformar no defensor de Gotham City. Três anos depois, em Batman – O Cavaleiro das Trevas (Batman – The Dark Knigth), fomos apresentados a um dos maiores vilões da história do cinema, o Coringa, na interpretação do saudoso Heath Ledger. Agora, em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman – The Dark Knigth Rises), Nolan encerra de forma épica tudo que imaginou sete anos atrás.

A direção técnica do filme é impecável, com direito a confronto entre policiais e criminosos, perseguições e uma sequência com o novo bat-veículo, o Bat. Seja nas cenas com a aeronave, ou em grandes planos, Nolan explora bem as tomadas aéreas, com destaque para a cena de explosão do campo de futebol americano. A versão IMAX do filme amplia a experiência. A trilha sonora de Hans Zimmer é um acompanhamento nos momentos de drama e na hora da ação um intensificador das cenas, provocando imersão dos espectadores. O roteiro, de autoria de Nolan, de seu irmão Jonathan Nolan e do co-roteirista David Goyer, é bem desenvolvido, com homenagens até a série de TV dos anos 60. Os autores ousam em apresentar conflitos, que se definem como novas possibilidades, e trazem um desfecho digno e completo para a trilogia. Contudo, a história não está livre de algumas incoerências, apesar disso não comprometer a trama como um todo.

O filme começa oito anos após a morte do promotor Harvey Dent. Gotham vive tempos de paz com os criminosos encarcerados na prisão Blackgate. Bruce Wayne aposentou o manto de Batman e assumiu a culpa pela morte do promotor. Os cidadãos acreditam nessa versão, sendo que somente o Comissário Gordon sabe a verdade. Porém, o mercenário Bane (Tom Hardy) chega para acabar com a paz e implantar o caos. O Cavaleiro das Trevas deverá, então, ressurgir para proteger sua cidade. O longa é cheio de referências aos dois primeiros filmes, com direito a alguns flashbacks, que conectam as motivações do vilão e mesmo de Batman em um enredo complexo.

Christian Bale consolida seu Batman junto com a trilogia e personifica o herói com a seriedade que os fãs desejam. Como Bruce Wayne vai ao fundo do poço, mas nos traz o ressurgimento do Homem-Morcego. A partir daí, estabelece alianças com outros personagens para salvar Gotham, como o policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt), a magnata Miranda Tate (Marion Cotillard) e a ladra Selina Kyle (Anne Hathaway), além, é claro, da já conhecida parceria com o Comissário Gordon (Gary Oldman).

Dos novos personagens, Blake é o melhor deles, com Gordon-Levitt se encaixando perfeitamente no universo de Gotham. A Mulher-Gato de Anne Hathaway perde muito da sensualidade vista nos quadrinhos, embora a atriz consiga bons momentos no papel da gatuna. Marion Cotillard com sua Miranda Tate tem, em determinado momento, um papel relevante na história, mas sua interpretação é ofuscada pelos companheiros.

Sobre o vilão Bane, a primeira pergunta que se faz é: “Bane é melhor que o Coringa?” A resposta é: “O que importa, quando você tem no mercenário a antítese do Batman?” O vilão é um homem inteligente, estrategista, forte e bem treinado como o herói, mas que usa suas habilidades para o mal. Tom Hardy traz essência a esse personagem e, durante um dos momentos mais tensos do filme, prova que esta à altura de Batman, em uma clara referência aos quadrinhos. Com Coringa o embate era psicológico, aqui temos algo mais físico. Sendo assim, o terceiro filme complementa o leque de vilões e cria assunto para muitos debates.

Ao final de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge ficamos com a sensação que com essa trilogia do Homem-Morcego se estabeleceu um universo. Pelas mãos de Christopher Nolan, Batman foi retratado como merece, com respeito. O diretor encerrou sua versão do Cavaleiro das Trevas nos presenteando com uma grata surpresa no final, dando um recado para quem assumir a nova franquia. Enfim, com Christopher Nolan na direção e Christian Bale como protagonista, o legado de Batman permanecerá por muito tempo na mente dos espectadores. Que venham, então, mais diretores e atores com desejo de adaptar histórias de heróis dessa forma, não ridicularizando os icônicos personagens, mas sim, contribuindo para que novas gerações conheçam e se encantem como tantos já se encantaram. Os fãs agradecem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário