Cristiano Almeida
Publicado originalmente em 2001, pela JBC, o mangá Samurai X (nome pelo qual
ficou conhecido nos Estados Unidos) fez muito sucesso em terras ocidentais.
Adaptado para a TV, o anime homônimo criou uma legião de fãs. Agora, a editora
relança a obra com seu título original, Rurouni Kenshin, e apresenta edições
com texto revisado, readaptação de algumas expressões e retradução de outras. O
objetivo é se aproximar mais do original japonês, publicado entre 1994 e 1999 na
revista Shonen Jump.
A criação
de Nobuhiro Watsuki é inspirada em momentos históricos do Japão, como o
Bakumatsu (final do Xogunato) e a implantação da Era Meiji, regime que acabou
com a ditadura feudal dos xoguns da família Tokugawa. Sendo assim, há muitas
referências sobre guerreiros, localidades ou situações pelas quais o país
passou durante o período.
Em meio a esse conflito surge Kenshin Himura - um
monarquista - que de tão eficiente no uso da espada ficou conhecido como
Battousai, o Retalhador. Ele lutou contra os xoguns e participou da Restauração
Meiji. Quando a nova era é instaurada, o espadachim some e retorna como um rurouni
(palavra usada para indicar andarilho), protegendo pessoas contra a
injustiça com uma sakabatou (espada de lâmina invertida) e decidido a não mais
matar.
Watsuki faz um trabalho muito interessante de
mescla da realidade com a ficção. Com isso, Kenshin se depara com personagens
similares aos do momento histórico, como a força policial da época, e visita
cidades importantes durante o regime. É em uma de suas andanças que ele conhece
Kaoru Kamiya, jovem que ele passa a proteger e que é responsável por muito dos
momentos de humor do título.
O mangaká explora no andarilho uma personalidade
dúbia. O samurai tem uma aparência frágil, sendo considerado um fraco, porém é
capaz de expor uma habilidade única ao lutar com seus adversários. Nesse ponto,
o artista traz à tona as reflexões do protagonista - que não quer mais
repetir os atos da guerra -, mas é obrigado a entrar em ação para
proteger as pessoas que gosta.
Com relação aos desenhos, Nobuhiro Watsuki
demonstra ótimo domínio da técnica. Ele recria com eficiência localidades
inerentes ao Japão Feudal, como dojos, hotéis, restaurantes e cidades. Outro
ponto que chama a atenção é o detalhamento dos trajes, que incluem os quimonos
e as hakamas (calças tradicionais japonesas).
Watsuki entrega cenas de luta empolgantes e não
ameniza na violência (o mangá é indicado para maiores de 14 anos). A publicação
é caracterizada pelo contraste entre preto e branco - sendo que o primeiro tem
maior destaque - principalmente nas cenas de ação em que há sangue. Embora o mangá não seja colorido (o que é compreensível devido à retratação da violência), a arte produz resultados convincentes e impactantes.
A republicação tem ótima qualidade também em
seu material de produção. A capa é cartonada, colorida e bastante brilhante; o
papel jornal, da publicação anterior, foi substituído pelo off-set, que ajuda
na conservação por um tempo bem maior, e a revista agora é em formato tankobon
(no total serão 28 volumes).
O título ainda conta com extras escritos pelo
autor, que descreve o processo de composição dos personagens e as inspirações
que o levaram a criar os principais deles. Por exemplo, para a concepção de
Yahiko Myoujin, o artista relata que se baseou em sua própria experiência
pessoal.
Diante desses aspectos positivos, Rurouni Kenshin –
Crônicas da Era Meiji é uma publicação que possibilita o retorno a um mangá de
sucesso. É uma oportunidade para os antigos relembrarem e para os novos
conhecerem os elementos históricos e fictícios que compõem esse título tão
clássico.
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