sábado, 24 de novembro de 2012

Crítica – Rurouni Kenshin – Crônicas da Era Meiji # 1

Cristiano Almeida

Publicado originalmente em 2001, pela JBC, o mangá Samurai X (nome pelo qual ficou conhecido nos Estados Unidos) fez muito sucesso em terras ocidentais. Adaptado para a TV, o anime homônimo criou uma legião de fãs. Agora, a editora relança a obra com seu título original, Rurouni Kenshin, e apresenta edições com texto revisado, readaptação de algumas expressões e retradução de outras. O objetivo é se aproximar mais do original japonês, publicado entre 1994 e 1999 na revista Shonen Jump.

A criação de Nobuhiro Watsuki é inspirada em momentos históricos do Japão, como o Bakumatsu (final do Xogunato) e a implantação da Era Meiji, regime que acabou com a ditadura feudal dos xoguns da família Tokugawa. Sendo assim, há muitas referências sobre guerreiros, localidades ou situações pelas quais o país passou durante o período.

Em meio a esse conflito surge Kenshin Himura - um monarquista - que de tão eficiente no uso da espada ficou conhecido como Battousai, o Retalhador. Ele lutou contra os xoguns e participou da Restauração Meiji. Quando a nova era é instaurada, o espadachim some e retorna como um rurouni (palavra usada para indicar andarilho), protegendo pessoas contra a injustiça com uma sakabatou (espada de lâmina invertida) e decidido a não mais matar.

Watsuki faz um trabalho muito interessante de mescla da realidade com a ficção. Com isso, Kenshin se depara com personagens similares aos do momento histórico, como a força policial da época, e visita cidades importantes durante o regime. É em uma de suas andanças que ele conhece Kaoru Kamiya, jovem que ele passa a proteger e que é responsável por muito dos momentos de humor do título.

O mangaká explora no andarilho uma personalidade dúbia. O samurai tem uma aparência frágil, sendo considerado um fraco, porém é capaz de expor uma habilidade única ao lutar com seus adversários. Nesse ponto, o artista traz à tona as reflexões do protagonista - que não quer mais repetir os atos da guerra -, mas é obrigado a entrar em ação para proteger as pessoas que gosta.

Com relação aos desenhos, Nobuhiro Watsuki demonstra ótimo domínio da técnica. Ele recria com eficiência localidades inerentes ao Japão Feudal, como dojos, hotéis, restaurantes e cidades. Outro ponto que chama a atenção é o detalhamento dos trajes, que incluem os quimonos e as hakamas (calças tradicionais japonesas).

Watsuki entrega cenas de luta empolgantes e não ameniza na violência (o mangá é indicado para maiores de 14 anos). A publicação é caracterizada pelo contraste entre preto e branco - sendo que o primeiro tem maior destaque - principalmente nas cenas de ação em que há sangue. Embora o mangá não seja colorido (o que é compreensível devido à retratação da violência), a arte produz resultados convincentes e impactantes. 

A republicação tem ótima qualidade também em seu material de produção. A capa é cartonada, colorida e bastante brilhante; o papel jornal, da publicação anterior, foi substituído pelo off-set, que ajuda na conservação por um tempo bem maior, e a revista agora é em formato tankobon (no total serão 28 volumes).

O título ainda conta com extras escritos pelo autor, que descreve o processo de composição dos personagens e as inspirações que o levaram a criar os principais deles. Por exemplo, para a concepção de Yahiko Myoujin, o artista relata que se baseou em sua própria experiência pessoal.

Diante desses aspectos positivos, Rurouni Kenshin – Crônicas da Era Meiji é uma publicação que possibilita o retorno a um mangá de sucesso. É uma oportunidade para os antigos relembrarem e para os novos conhecerem os elementos históricos e fictícios que compõem esse título tão clássico.

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