sexta-feira, 6 de julho de 2012

Crítica – Os Supremos – Vol. 1

Cristiano Almeida

Os Supremos é a versão alternativa dos Vingadores, caracterizada pela ambientação em outro universo, o Ultimate. Fruto das mentes do roteirista Mark Millar e do desenhista Bryan Hitch, a HQ, originalmente lançada em 13 edições, serviu de base para o filme dos Vingadores.

Para quem não teve a chance de colecionar as edições e nem de comprar o encadernado de 2007, a Panini lançou novamente o primeiro volume completo em edição de luxo, encadernado em capa dura, com papel de qualidade e também extras, que reúnem as capas originais, design de personagens e comentários dos autores sobre cada uma das edições.

Na trama, o líder da S.H.I.E.L.D., Nick Fury (idêntico ao Samuel L. Jackson), convoca vários membros para formar um grupo de superseres e proteger o mundo de ocasionais ameaças. Então, temos: Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Gigante, Vespa, Hulk (que não é bem um aliado), Gavião Arqueiro e Viúva Negra. Até os filhos de Magneto, Mercúrio e Feiticeira Escarlate, aparecem, porém não acrescentam nada ao enredo.

Nas HQs, o universo alternativo sempre permite trazer outras versões dos heróis, seja em seu visual, seja em sua personalidade. Pois é exatamente isso que a dupla de artistas faz. Millar nos apresenta Hulk com uma pseudo-racionalidade, o que lhe rende constantes manipulações por parte dos outros, Bruce Banner é um coitado, que de tanto reclamar chega a ser enfadonho, Thor é um pacifista contra o governo, Hank Pym (Gigante) e Jean Pym (Vespa) são um casal, que em certo ponto entram em conflito, e Tony Stark é um alcoólatra.

Com tal premissa, o roteirista explora muitas situações emocionais, buscando uma identificação com o leitor. O roteiro envolve questões políticas, invasão alienígena, guerra, honra e muitos outros aspectos. Interessante? Nem tanto. Ao aprofundar as personalidades em questões humanas, Mark Millar descaracteriza demais os personagens, trazendo temas irrelevantes à história e outros que funcionariam melhor na ambientação proposta por Alan Moore em Watchmen.

Porém, o roteiro acerta ao explorar o Capitão América se adaptando a um novo mundo. São dele os momentos mais interessantes da história. Outro destaque é o alívio cômico criado por Tony Stark, que faz piada com tudo e conserva seu ar de galanteador. Ao tratar da invasão alienígena dos Chitauris (versão ultimate dos Skrulls), o script ganha uma densidade maior, e os flashbacks, que remontam à luta de Steve Rogers na Segunda Guerra, trazem muitas revelações ao enredo.

Com relação ao desenhista Bryan Hitch, sua arte é muito boa, com traço bem diversificado, excelente captura de emoções e recriação de ambientes de forma bastante detalhista (destaque para a profundidade de muitas imagens) Muito da eficácia dos desenhos se deve também a colorização feita por Paul Monts, principalmente nas cores de ambientes e nos reflexos que essas causam nos personagens. Outro ponto positivo nos desenhos de Hitch são as páginas duplas, onde o artista exerce todo o seu talento em imagens dignas de pôsteres.

Embora os desenhos sejam eficazes em todos os aspectos citados, eles ousam demais ao trazer essa versão ultimate. Sendo assim, temos uma armadura do Homem de Ferro mais rústica, um Hulk bem diferente do que estamos acostumados a ver, um Gigante em um uniforme de couro e Thor que não lembra em nada um Asgardiano. Muitas das explicações para o desenhista ter feito essas mudanças estão na entrevista que acompanha a edição.

Em um contexto geral, Os Supremos é uma coletânea interessante para quem deseja uma história de heróis Marvel diferente e com uma trama mais adulta, mas não deve agradar os fãs mais puritanos que cresceram com as clássicas imagens e personalidades de seus heróis em suas mentes.

Vamos aguardar o volume 2 do encadernado, também de Mark Millar e Bryan Hitch, que só foi lançado no Brasil na revista Marvel Millennium: Homem-Aranha, e torcer para que roteirista e artista nos entreguem algo mais próximo da realidade, a original não a alternativa.

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